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domingo, 22 de maio de 2011

CRIANÇAS: SÃO REALMENTE A ALMA DO NEGÓCIO?

O documentário “Criança a alma do negócio” mostra que a mídia concentra-se em direcionar a criança para o consumo. Utilizando uma linguagem infantil, no Brasil, cerca de 80% das crianças são influenciadas para consumismo pela mídia publicitária. A publicidade promete que possuir uma marca o torna vencedor na sociedade e embora o desejo não seja real é implantado na mente da criança fazendo com que ela tenha o desejado de possuir tudo que é veiculado nas propagandas muito embora nem saiba explicar porque deseja tanto aquilo. O publicitário se vale da inocência da criança para veicular o consumismo na campanha publicitária dirigida a elas.

Hoje em dia o consumo tem afastado a criança da infância, pois quanto mais elas ganham mais pedem e uma vez que o seu desejo não é real o interesse no objeto é momentâneo. Uma vez possuído logo é colocado de lado para que vá a busca de outro. A jornalista e doutora em comunicação Malu Fontes em um de seus artigos, publicado no Jornal A Tarde em 2009 fez o seguinte comentário:
                       "O ideal moderno de subordinação ao individual promoveu uma pulverização das regras racionais até então vigentes... Emerge nos anos 80... o corpo culturado como vitrine móvel a ser continuadamente reformulado e copiado. "

Esta cultura do corpo tem levado homens mulheres e crianças ao consumismo exagerado. O ‘hedonismo, adoração de si mesmo’ é exaltado acima de tudo e como tal, precisa de objetos e mais objetos que o tornem bonito e vistoso para outros. Danillo Barata, em Corpos Mutantes, comenta que o homem enquanto massa,
                      "sentia-se desatualizado diante dos seus ícones de beleza da atualidade (seus ídolos da TV) e passa a desejar o que é oferecido pela mídia publicitária com fim de parecer-se com eles."

Esta cultura do corpo afeta o mundo infantil e para a mídia a criança tem sido o foco, uma vez que elas são mais facilmente influenciáveis. Sua falta de experiência as deixa totalmente a mercê da influência corrompedora da mídia para o consumismo. Mesmo sendo por lei incapaz de comprar, o discurso da publicidade atinge a criança que por sua vez influencia os pais, sua verdadeira fonte de renda.

Nunca antes na historia da humanidade foi tão fácil influenciar crianças. Os meios de comunicação provocaram a massificação da informação. A criança antes era protegida do mundo dos adultos e seu conhecimento era limitado. Hoje com as tecnologias modernas elas sabem mais que os adultos. O acesso a internet, o uso dos celulares, a TV, cinema e outros, as deixam melhor informadas. Tanta informação tem levado as crianças ao abandono do brinquedo e ao consumo da sua própria vaidade. A televisão coloca novamente a informação a disposição de todos, a falta de separação entre mundo do adulto e mundo da criança faz com que ela abandone o comportamento infantil e busque na veiculação publicitária um comportamento igual ao dos ídolos que são veiculados nos meios de comunicação. Teme-se que a infância deixe existir, que o brinquedo desapareça, que só se coma alimentação divulgados pela mídia, que a criança não consiga mais dizer o nome de uma fruta ou um legume por simplesmente não conhecê-lo.

Conforme Lipovetsky, filósofo francês que escreveu vários livros acerca do consumismo da sociedade atual, ‘o extremo consumismo das pessoas presentes em todas as rodas sociais funciona como objeto de idolatria, veneração, fetiche e a demonização do consumo rouba das pessoas o verdadeiro sentido da vida.’ O documentário “Criança a alma do negócio” mostra que o extremo consumismo tem modificado nossas crianças, sua maneira de agir, alimentar-se, relacionar-se com outros de sua própria idade e ate mesmo modificado seu relacionamento com a família.



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