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terça-feira, 8 de março de 2011

Falando sobre imagens e tecnologias...




O livro Imagem Máquina – A era das tecnologias do virtual é uma boa recomendação para quem cultiva o saber sobre tecnologias e seus avanços. Em seu livro André Parente reúne coletâneas de textos de diversos autores que descrevem segundo o seu ponto de vista como a máquina na era da tecnologia virtual influencia o modo de ver a imagem. O livro está organizado em quatro capítulos temáticos. Apesar de autores com diversos pontos de vista atinge o seu objetivo de mostrar como o uso das tecnologias virtuais tem contribuído para facilitar a interação do expectador com a imagem.
O livro às vezes assume, com alguns autores, um aspecto técnico, explicando características do desenvolvimento do virtual, esclarecendo conceitos como pixels, bits e outros. Em outros momentos a tecnociência domina apontando os prós e contras do mundo tecnológico em nossas vidas.
André Parente é doutor em cinema, cineasta e atua como professor na Universidade do estado do Rio de Janeiro – UFRJ. Seus autores escolhidos para esta coletânea são doutores em sua maioria com trabalhos voltados para imagem, cinema, artes visuais, filosofia contemporânea, política e todos esses textos reunidos conseguem transmitir a idéia tema do livro. O livro dialoga com o leitor mostrando como o uso da imagem com o apoio da tecnologia virtual é possível.
No primeiro capítulo Parente traz autores como Edmond Couchat, Rogério Luz, Derrick de Kerckhove, Gianfranco Bettetini e Julio Plaza que sobre o tema geral Novas Imagens, Novos Modelos, falam sobre a evolução da imagem  em interagir com o expectador. O primeiro deles traça a evolução da imagem iniciando com a pintura à mão até chegar aos megapixels do computador. Luz já trata do efeito que o virtual tem ao ser utilizado para melhorar a imagem. Kerckhove trata da necessidade da interação da imagem com o expectador em sua critica a televisão. O autor Bettetini analisa de maneira técnica como é feita a composição gráfica para virtualizar a imagem, ao passo que Julio Plaza encerra esse capitulo explicando como ocorre a interação entre expectador e imagem, ou seja, homem e máquina.
O segundo capítulo com o tema O Virtual e a Quarta Dimensão da Imagem, conta com os autores Philippe Quéau, Arlindo Machado, Jean-Louis Weissberg, Paul Virilio e Serge Dentin. Neste capítulo vemos Quéau revelar como pode ocorrer a interação do expectador com a imagem em tempo real. Machado nos fala da distorção da imagem real com o uso de tecnologia e seu efeito sobre o olhar. Com vários exemplos este autor destaca a evolução da imagem modificada com o uso de tecnologia. Jean Louis analisa como o virtual atua sob a imagem completando a explicando do autor anterior e acrescentando sua utilidade prática para quem ver a imagem. Virilo vislumbra a ação do virtual sobre o real fornecendo detalhes desta evolução.
Mídia/Pós-Mídia é o tema do terceiro capítulo que traz autores que falam sobre a imagem televisiva. Jean Baudrillard fala da diferença entre tempo e imagem na televisão utilizando o exemplo dos conflitos na Romênia. Laymert Garcia dos Santos usa como exemplo a guerra do Golfo para, de maneira crítica trazer a atenção do leitor a manipulação da opnião pública por meio da imagem na televisão. Stella Senra leva o leitor numa viagem apresentando o repórter virtual Max, clone do repórter real Edson Carter. Antonio Negri faz uma crítica forte a necessidade de políticas públicas que tornem a comunicação acessível a todas as pessoas de maneira justa e sem manipulação da imagem. Enquanto que Felix Guattari nos dá o histórico tanto do desenvolvimento da tecnologia como dos agentes sociais que a usam, manipulam e disponibilizam.
No último capítulo deste livro, A Arte e as Tecnologias do Virtual, André Parente reúne autores como Benoit Mandelbrot, Frank Popper, Rymond Bellour, Jean-Paul Fargier, Nelson Brissac, Kátia Maciel, Jean-François Lyotard e Eric Alliez para concluir o tema chave do livro. Mandelbrot traça a história da chegada das cores a computação gráfica. Frank Popper no relato de suas experiências com exposições que traduziam o desejo do artista em ver o desenvolvimento da arte visual e capta nessas exposições o começo da união Homem/Máquina a serviço da imagem. Bellour analisa a evolução que a imagem pode causar no expectador, Fargier descreve o efeito da imagem filmica diante do olhar e Brissac complementa o tema por falar de como a imagem evoluiu desde os primórdios até hoje.
Kátia Maciel retrata o cinema como principal imagem do mundo atual vista pelo expectador e Lyotard destaca o uso da tecnologia para auxiliar a imagem a comunicar e, a interação resultante disto. Parente encerra o livro com uma carta ao leitor onde faz uma análise da coletânea e convida o leitor a refletir criticamente em tudo que leu de maneira sonhadora vislumbrando a máquina a serviço da imagem e do expectador ativo e não mais passivo ao que vê.